Monthly Archives: Março 2012

Quem não chora não mama

Machismo ou feminismo a parte, uma coisa é fato: “quem não chora não mama!”. Achar que seu parceiro é o expert, que manja tudo na cama, que vai te levar aos céus, bem, seria o ideal, mas não é o real.

As pessoas perdem mais tempo reclamando da qualidade de suas vidas sexuais, do que tentando encontrar uma solução. Primeiro, devemos acabar com um paradigma: homens, se você foi o ‘fodão’ da vida de alguém, saiba que isso pode não ocorrer na vida de sua atual parceira. Cada qual com seu buraco, cada qual com seu gosto. Não podemos em hipótese alguma levar em consideração a relação passada para se tornar base na do presente, cada relação é uma nova descoberta, o que é mais divertido do que descobrirem juntos?

Cada toque, cada beijo, o cheiro e o sabor, o que gosta e o que não gosta… Mulheres, não se calem, não finja. A coisa mais ESTÚPIDA a se fazer foi aprendermos a fingir – ok, preciso abrir meu coração a vocês e dizer que para alguns casos há exceção, como naquele sexo casual que o cara é um bosta, não goza nunca e tudo o que você quer é que ele chegue lá o mais rápido possível e você quase implora pra ele gozar e então escuta “só depois de você” – pois no final das contas, você não ganha nada fingindo – a não ser que esse seja seu ‘ganha pão’.

Vale ressaltar aqui para os homens também que: não leve o que viu no filme pornô pra cama!!!! Se você achou algo muito interessante e quer arriscar, converse com a parceira e chegue a um consenso, mas não pense que o que acontece naqueles filmes, seja o que desejamos na vida real. Até porque não somos artistas do “Cirque du Soleil” pra tanto malabarismo e posições que as vezes deixa nós mulheres constrangidas.

Outra coisa é insistir no que ela não gosta, claro que como qualquer coisa, pra não gostar você tem que provar – não leve em consideração o que suas amigas falam sobre determinadas coisas, o que é ruim para uns, pode ser o paraíso de outros, afinal, nossos corpos são diferentes, mesmo que sejam gêmeos, ainda são diferentes – se para você determinada posição é o máximo, e pra ela um martírio, saiba que ela pode até ceder, mas isso será única e exclusivamente para te agradar, e não é isso que queremos, não é? – não falei com vocês egoístas de plantão!

Ouvi esses dias um rapaz falando pra outro da “mulher GPS”, realmente, falar demais é chato, pode até soar menosprezo, pense: ele tem as ferramentas, sabe usá-las, – ok, alguns não – porém, não sabe ainda usá-las da forma que mais te agrade, o mesmo vale para as mulheres, então, deem boas-vindas ao diálogo, falem o que gosta, ajude seu parceiro a encontrar o que lhe da mais prazer e vice-versa.

Conversem, fale bobagem, riam descontrair ajuda a falar sobre essas coisas que ainda insistem em ser tabu para o casal. E lembrem-se: Ninguém nasce sabendo tudo, assim como ninguém vem com um manual de instruções.

E já que o assunto foi descoberta, aqui vão algumas dicas de joguinhos que podem funcionar para descontrair o ambiente:

  • Dadinhos pro Prazer;
  • Caneta comestível – a imaginação é o limite, desenhe em seu corpo lugares que gosta de ser tocado (a), ou escreva o que gosta que façam em você e com você;
  • Raspadinha divertida;
  • Aviso de porta – este é ótimo para quem está esperando o parceiro chegar, pendure na porta do quarto este aviso divertido.

Desperte a imaginação e divirtam-se!

 

Automutilação – entre a fé e as lágrimas

Há meses eu luto contra meu eu, contra uma série de desejos, contra ideias que insistem em atormentar até meus sonhos, transformando-os em pesadelos.

Durante meses, eu fiz terapia com um intuito, mudar sem que a tal mudança me destruísse, hoje tudo parece vão. Todas àquelas horas no consultório, às vezes sorrindo, outras aos prantos. Havia dias que em que a confiança era tamanha, que nada no mundo poderia me derrubar, porém talvez, naquele mesmo dia, eu sentia todo o peso do mundo me derrubar.

Ao contrário de muitos que já encontrei pelas redes sociais, não sou Borderline, ao menos meus psiquiatras nunca chegaram a essa conclusão, para ser sincera, nunca chegaram de fato a alguma conclusão. Eu já fui diagnosticada como: paranoica, histérica e por ultimo Bipolar. Já tentei vários tratamentos, inclusive espiritual, por um tempo alguns ajudaram tanto medicamentos quanto o espiritual. Já disseram que era o “demônio que queria que eu me contasse”, que eu “só queria chamar a atenção”, mas hoje aqui, com tantos, mais tantos depoimentos sobre como se sentem em relação a isso, sei que sou só mais uma no meio de milhões.

Sim, infelizmente só tenho visto esses números crescerem. Esse blog já foi popular pelos textos que abordam sexualidade, hoje ele é o numero um quando se busca “automutilação” no Google. O que mais me deixa triste é o fato de que, ainda não encontrei programas de ajuda pra que sem automutila. Vi que no dia Primeiro de Março, foi o dia do combate mundial a autoflagelo. Inclusive, um dos meus depoimentos foi usado como base pra um site. Quando vi, não sabia se me sentia lisonjeada ou mais deprimida. No Brasil, infelizmente não encontrei um centro de apoio a isso, os EUA já promovem campanhas, em Portugal a um centro especializado. Falando sobre isso, sobre esta falta, ontem meu namorado me disse: Porque não escreve sobre isso, um livro, conte seus relatos. Meu único pensamento era como eu seria vista se fizesse isso. Histórias, batalhas, e muito mais coisas eu teria pra partilhar, inclusive a batalha, que hoje me parece eterna de não me mutilar, tentando usar aquelas frases que o AA usa: Um dia de cada vez. Eu controlo bem a expressão das pessoas quando veem as cicatrizes, o olhar de curiosidade e pena, são ciclos, às vezes me importo menos, em outras me importa muito, pois odeio o sentimento PENA.

Eu decidi me mudar, queria sair da cidade, sair daquele mundo, nunca me senti dali, achava que seria impossível me encontrar onde vivia. Eu odiava a cidade, passei a odiar mais da metade das pessoas que habitam nela, eu não queria mais sair, minha única alegria era cinema no domingo, e os encontros com a terapeuta. Então, depois de várias discussões com a terapeuta, tomando um novo medicamento, me senti confiante em mudar e disse a mim mesma: hoje começa minha verdadeira vida.

Confesso que só de me lembrar, de me ver dizendo isso enfrente ao espelho, eu começo a chorar. Depois de anos passei e ser sistemática, organização pra mim é importante, as coisas tinham que sair como eu planejava. Eu estudei muito, me empenhei muito, até mesmo agora acho que estudar e ler tanto me deixou mais chata, mais critica e menos tolerante, e isso é horrível, pois por mais que planejemos, por mais que tudo indique que será daquele jeito, não é. A vida não tem um curso certo, planos é apenas um roteiro para se guiar, não para seguir a risca.

Algumas horas de voo, muito cansaço, uma semana entediante, os nervos a flor da pele, as primeiras cobranças “você tá indo atrás de emprego”, “como estão às coisas ai?”, todas as perguntas me pressionaram o cérebro. Passei a descontar em quem só quis me ajudar, tentei explicar que certas coisas não controlo, sim, é verdade, não controlo quase nada, eu falo sem pensar, eu me preocupo de maneira exagerada e algumas vezes vago, perdida em meus pensamentos ora coloridos, ora obscuros.

Quando decidi me mudar, decidir ter um pouco mais de fé, eu tenho minhas crenças, mas não sou alienada em religião, se eu fosse indicar alguma a vocês, seria o espiritismo, pois nunca fui julgada ali, e tive muita luz. Continuando, fiz novenas, rezei, implorei e vim com a fé “inabalável” de que tudo correria bem. Que eu teria meu lugar, que acharia um lugar que valorizasse meus conhecimentos – apesar de muitos acharem que sou louca, modéstia a parte, sou inteligente e esforçada, se fosse louca, seria um gênio louco.

Nada foi como o planejado, até o voo que deveria ser calmo, foi desagradável do inicio ao fim. Eu tentei me manter firme, eu tento me manter firme, mas logo nas primeiras semanas (me mudei no dia 17 de fevereiro) eu achei que havia cometido um erro, mesmo lembrando que minha terapeuta havia dito que eu estava madura, que deveria ter confiança, a falta de consideração, aliais de valorização me fez descer o primeiro degrau. A saudade dos sobrinhos, o medo de falhar começou a me perseguir.

Todas as noites sonhando com a família que ficou, com minhas paixões que são meus sobrinhos, minha frustração de ter duas faculdades e nenhuma chance justa de emprego, em uma noite, não resisti e chorei. Foi como se estivessem me amputando os braços e pernas, a dor era insuportável, eu queria um cortezinho, mísero que fosse pra aliviar aquele peso, aquela pressão no peito. Na minha cabeça um filme de terror, diversas saídas e uma única solução eu só me via dando um tiro na cabeça – a cerca de 6 anos tive essa obsessão, de que morreria assim.

Chorei, solucei, não sei como o Téo me via (Téo é meu namorado, o coitado em quem desconto toda a raiva e descontrole), eu queria gritar, mas abafava o mesmo, meus punhos estavam serrados, meus dedos dos pés encolhidos, minha nuca latejava, chorei por um tempo, pareceu longo, na verdade nem sei ao certo, ele só me olhou, me abraçou, pediu pra ter forças, eu queria gritar, queria conversar, mas como sempre, as palavras travam, eu me sufoco, nada saía. Então ele perguntou: você quer voltar pra casa? Aquilo me partia mais ainda, eu não consigo voltar, e não sei se consigo seguir. Vez e outra, acordo achando que ”hoje será um ótimo dia”, mas nada acontece e a noite vem traiçoeira.

Não consegui ainda achar uma cena, ou algo que eu possa comparar este sentimento, o desespero, parece que tudo que digo, ou a que comparo doí menos do que essa maldita dor psicológica. É torturante.

Ainda me seguro na fé, fé de que Deus uma hora vai olhar e finalmente me enxergar e dizer: chegou sua vez. Eu não suportaria, não suporto pensar em falhar (já que não é a primeira vez que saio de casa com tais objetivos), uma noite eu jurei que viva não voltava, e essa maldita ideia ficção não some.

Os remédios acabaram, falta um mês pra conseguir uma consulta com um psiquiatra nessa terra da garoa, ouvi uma vez do médico: não te transformarei em uma garota feliz e sorridente, só lhe darei algo pra aliviar e aprender a lidar com isso tudo… Mas pensando bem, às vezes desejo esse remédio que diz que vai deixar tudo “maravilhoso”, mesmo que uma falsa felicidade, conviver com essa dor, viver em guerra, tentar não cair totalmente, só quem luta sabe.

Pra quem chegou até aqui nesse texto meio sem nexo, se você é border, bipolar, neurótico, psicótico, seja o que for, não desista, mesmo que a duras penas, eu queria ter escrito um texto feliz, sobre como estou conseguindo me manter firme no meu projeto “sem cortes”, até “Cicatricure” comprei na esperança de elas sumirem um pouquinho que seja. Eu às vezes entro no banheiro, vejo algo cintilante, aquela vontade, aquele desejo me dividi, então entro debaixo do chuveiro e choro mais ainda. É um dia de cada vez. Uma cruz que se leva, eu até perco a cabeça, mas não vou perder aquilo que ainda me mantem “limpa” a vários meses.

Busque ajuda, não tenha medo, a pior violência é se permitir a temer, somos julgados diariamente, pressionados por toda vida. Gostaria que aqueles que apenas passeiam os olhos aqui porque conhece alguém que tem este problema lhes peço, tenha paciência. Sei que paremos egoístas, mas muitas vezes infelizmente é só uma característica da doença (quando digo doença, é porque de fato somos doentes, porém não incapazes).

Veja o vídeo da campanha: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Q7HXhyOofNU

Busque ajuda médica, mesmo em caminho de pedras, podemos sobreviver a isso. E não se sinto sozinho, nem uma aberração, há mais pessoas que sofrem disto no mundo do que imaginamos:

Demi Lovatto: http://www.youtube.com/watch?v=mu6ZC-FqkDg

Tipos de Self Harm: http://www.youtube.com/watch?v=uWJTDG1SWC8

Pais estejam mais alertas: http://www.youtube.com/watch?v=gPxj86oOifg&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=yMVhX1FlfXI&feature=related

Um dia também quero cantar “VEJA COMO ESTOU HOJE BEM!!”

*Link comentado: http://luciaureakaha.wordpress.com/2012/02/28/1o-de-marco-dia-da-consciencia-sobre-a-automutilacao/

Há meses eu luto contra meu eu, contra uma série de desejos, contra ideias que insistem em atormentar até meus sonhos, transformando-os em pesadelos.

Durante meses, eu fiz terapia com um intuito, mudar sem que a tal mudança me destruísse, hoje tudo parece vão. Todas àquelas horas no consultório, às vezes sorrindo, outras aos prantos. Havia dias que em que a confiança era tamanha, que nada no mundo poderia me derrubar, porém talvez, naquele mesmo dia, eu sentia todo o peso do mundo me derrubar.

Ao contrário de muitos que já encontrei pelas redes sociais, não sou Borderline, ao menos meus psiquiatras nunca chegaram a essa conclusão, para ser sincera, nunca chegaram de fato a alguma conclusão. Eu já fui diagnosticada como: paranoica, histérica e por ultimo Bipolar. Já tentei vários tratamentos, inclusive espiritual, por um tempo alguns ajudaram tanto medicamentos quanto o espiritual. Já disseram que era o “demônio que queria que eu me contasse”, que eu “só queria chamar a atenção”, mas hoje aqui, com tantos, mais tantos depoimentos sobre como se sentem em relação a isso, sei que sou só mais uma no meio de milhões.

Sim, infelizmente só tenho visto esses números crescerem. Esse blog já foi popular pelos textos que abordam sexualidade, hoje ele é o numero um quando se busca “automutilação” no Google. O que mais me deixa triste é o fato de que, ainda não encontrei programas de ajuda pra que sem automutila. Vi que no dia Primeiro de Março, foi o dia do combate mundial a autoflagelo. Inclusive, um dos meus depoimentos foi usado como base pra um site. Quando vi, não sabia se me sentia lisonjeada ou mais deprimida. No Brasil, infelizmente não encontrei um centro de apoio a isso, os EUA já promovem campanhas, em Portugal a um centro especializado. Falando sobre isso, sobre esta falta, ontem meu namorado me disse: Porque não escreve sobre isso, um livro, conte seus relatos. Meu único pensamento era como eu seria vista se fizesse isso. Histórias, batalhas, e muito mais coisas eu teria pra partilhar, inclusive a batalha, que hoje me parece eterna de não me mutilar, tentando usar aquelas frases que o AA usa: Um dia de cada vez. Eu controlo bem a expressão das pessoas quando veem as cicatrizes, o olhar de curiosidade e pena, são ciclos, às vezes me importo menos, em outras me importa muito, pois odeio o sentimento PENA.

Eu decidi me mudar, queria sair da cidade, sair daquele mundo, nunca me senti dali, achava que seria impossível me encontrar onde vivia. Eu odiava a cidade, passei a odiar mais da metade das pessoas que habitam nela, eu não queria mais sair, minha única alegria era cinema no domingo, e os encontros com a terapeuta. Então, depois de várias discussões com a terapeuta, tomando um novo medicamento, me senti confiante em mudar e disse a mim mesma: hoje começa minha verdadeira vida.

Confesso que só de me lembrar, de me ver dizendo isso enfrente ao espelho, eu começo a chorar. Depois de anos passei e ser sistemática, organização pra mim é importante, as coisas tinham que sair como eu planejava. Eu estudei muito, me empenhei muito, até mesmo agora acho que estudar e ler tanto me deixou mais chata, mais critica e menos tolerante, e isso é horrível, pois por mais que planejemos, por mais que tudo indique que será daquele jeito, não é. A vida não tem um curso certo, planos é apenas um roteiro para se guiar, não para seguir a risca.

Algumas horas de voo, muito cansaço, uma semana entediante, os nervos a flor da pele, as primeiras cobranças “você tá indo atrás de emprego”, “como estão às coisas ai?”, todas as perguntas me pressionaram o cérebro. Passei a descontar em quem só quis me ajudar, tentei explicar que certas coisas não controlo, sim, é verdade, não controlo quase nada, eu falo sem pensar, eu me preocupo de maneira exagerada e algumas vezes vago, perdida em meus pensamentos ora coloridos, ora obscuros.

Quando decidi me mudar, decidir ter um pouco mais de fé, eu tenho minhas crenças, mas não sou alienada em religião, se eu fosse indicar alguma a vocês, seria o espiritismo, pois nunca fui julgada ali, e tive muita luz. Continuando, fiz novenas, rezei, implorei e vim com a fé “inabalável” de que tudo correria bem. Que eu teria meu lugar, que acharia um lugar que valorizasse meus conhecimentos – apesar de muitos acharem que sou louca, modéstia a parte, sou inteligente e esforçada, se fosse louca, seria um gênio louco.

Nada foi como o planejado, até o voo que deveria ser calmo, foi desagradável do inicio ao fim. Eu tentei me manter firme, eu tento me manter firme, mas logo nas primeiras semanas (me mudei no dia 17 de fevereiro) eu achei que havia cometido um erro, mesmo lembrando que minha terapeuta havia dito que eu estava madura, que deveria ter confiança, a falta de consideração, aliais de valorização me fez descer o primeiro degrau. A saudade dos sobrinhos, o medo de falhar começou a me perseguir.

Todas as noites sonhando com a família que ficou, com minhas paixões que são meus sobrinhos, minha frustração de ter duas faculdades e nenhuma chance justa de emprego, em uma noite, não resisti e chorei. Foi como se estivessem me amputando os braços e pernas, a dor era insuportável, eu queria um cortezinho, mísero que fosse pra aliviar aquele peso, aquela pressão no peito. Na minha cabeça um filme de terror, diversas saídas e uma única solução eu só me via dando um tiro na cabeça – a cerca de 6 anos tive essa obsessão, de que morreria assim.

Chorei, solucei, não sei como o Téo me via (Téo é meu namorado, o coitado em quem desconto toda a raiva e descontrole), eu queria gritar, mas abafava o mesmo, meus punhos estavam serrados, meus dedos dos pés encolhidos, minha nuca latejava, chorei por um tempo, pareceu longo, na verdade nem sei ao certo, ele só me olhou, me abraçou, pediu pra ter forças, eu queria gritar, queria conversar, mas como sempre, as palavras travam, eu me sufoco, nada saía. Então ele perguntou: você quer voltar pra casa? Aquilo me partia mais ainda, eu não consigo voltar, e não sei se consigo seguir. Vez e outra, acordo achando que ”hoje será um ótimo dia”, mas nada acontece e a noite vem traiçoeira.

Não consegui ainda achar uma cena, ou algo que eu possa comparar este sentimento, o desespero, parece que tudo que digo, ou a que comparo doí menos do que essa maldita dor psicológica. É torturante.

Ainda me seguro na fé, fé de que Deus uma hora vai olhar e finalmente me enxergar e dizer: chegou sua vez. Eu não suportaria, não suporto pensar em falhar (já que não é a primeira vez que saio de casa com tais objetivos), uma noite eu jurei que viva não voltava, e essa maldita ideia ficção não some.

Os remédios acabaram, falta um mês pra conseguir uma consulta com um psiquiatra nessa terra da garoa, ouvi uma vez do médico: não te transformarei em uma garota feliz e sorridente, só lhe darei algo pra aliviar e aprender a lidar com isso tudo… Mas pensando bem, às vezes desejo esse remédio que diz que vai deixar tudo “maravilhoso”, mesmo que uma falsa felicidade, conviver com essa dor, viver em guerra, tentar não cair totalmente, só quem luta sabe.

Pra quem chegou até aqui nesse texto meio sem nexo, se você é border, bipolar, neurótico, psicótico, seja o que for, não desista, mesmo que a duras penas, eu queria ter escrito um texto feliz, sobre como estou conseguindo me manter firme no meu projeto “sem cortes”, até “Cicatricure” comprei na esperança de elas sumirem um pouquinho que seja. Eu às vezes entro no banheiro, vejo algo cintilante, aquela vontade, aquele desejo me dividi, então entro debaixo do chuveiro e choro mais ainda. É um dia de cada vez. Uma cruz que se leva, eu até perco a cabeça, mas não vou perder aquilo que ainda me mantem “limpa” a vários meses.

Busque ajuda, não tenha medo, a pior violência é se permitir a temer, somos julgados diariamente, pressionados por toda vida. Gostaria que aqueles que apenas passeiam os olhos aqui porque conhece alguém que tem este problema lhes peço, tenha paciência. Sei que paremos egoístas, mas muitas vezes infelizmente é só uma característica da doença (quando digo doença, é porque de fato somos doentes, porém não incapazes).

Veja o vídeo da campanha: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Q7HXhyOofNU

Busque ajuda médica, mesmo em caminho de pedras, podemos sobreviver a isso. E não se sinto sozinho, nem uma aberração, há mais pessoas que sofrem disto no mundo do que imaginamos:

Demi Lovatto: http://www.youtube.com/watch?v=mu6ZC-FqkDg

Tipos de Self Harm: http://www.youtube.com/watch?v=uWJTDG1SWC8

Pais estejam mais alertas: http://www.youtube.com/watch?v=gPxj86oOifg&feature=related

Um dia também quero cantar “VEJA COMO ESTOU HOJE BEM!!”

*Link comentado: http://luciaureakaha.wordpress.com/2012/02/28/1o-de-marco-dia-da-consciencia-sobre-a-automutilacao/